Transtorno Borderline

A Dificuldade em Aceitar a Imperfeição do Outro no Transtorno de Personalidade Borderline

No Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), a percepção do outro é muitas vezes polarizada, dividida entre o “bom” e o “mau”. Essa divisão, conhecida como clivagem, é um mecanismo de defesa utilizado para lidar com a intensa fragilidade emocional e o medo do abandono.

A pessoa com TPB tem dificuldade em aceitar que o outro possa ter qualidades e defeitos, pois isso a colocaria em contato com a possibilidade de rejeição e perda. Para evitar essa dor, ela idealiza o outro, vendo-o como perfeito e capaz de suprir todas as suas necessidades emocionais.

Essa idealização, no entanto, é insustentável e pode levar a decepções e frustrações intensas quando o outro não corresponde às expectativas. A pessoa com TPB pode então passar a desvalorizar e rejeitar o outro, como se ele tivesse se tornado “mau” e perigoso.

Essa oscilação entre idealização e desvalorização é uma característica marcante do TPB e reflete a dificuldade em integrar os aspectos positivos e negativos do outro em uma imagem coerente e realista.

A clivagem também pode se manifestar na relação com o terapeuta. A pessoa com TPB pode idealizar o terapeuta como um salvador, capaz de curar todas as suas feridas emocionais. No entanto, qualquer sinal de imperfeição ou frustração pode levar a uma desvalorização repentina, com a pessoa sentindo-se abandonada e traída.

Essa dinâmica pode ser observada em comportamentos como ligar para o terapeuta fora do horário de atendimento, apenas para confirmar que ele ainda está lá e que não a abandonou. Essa necessidade constante de reassurance reflete o medo profundo de perder o objeto de apoio e a dificuldade em lidar com a própria agressividade.

A terapia desempenha um papel fundamental no tratamento do TPB, ajudando a pessoa a desenvolver uma visão mais integrada e realista de si mesma e dos outros. Através da relação terapêutica, a pessoa pode aprender a tolerar a ambiguidade e a aceitar que o outro, assim como ela mesma, é imperfeito e possui qualidades e defeitos.

Esse processo de integração é essencial para que a pessoa com TPB possa construir relacionamentos mais saudáveis e estáveis, baseados na confiança e na aceitação mútua.

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Por Kelly Rosa

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